Resenha do livro Rouge, de Mona Awad

Imagine um mundo onde a obsessão pela perfeição e pela beleza se transforma em um verdadeiro pesadelo. Essa é a premissa de Rouge, um livro que mistura terror psicológico, humor ácido e uma crítica poderosa aos padrões inalcançáveis impostos pela sociedade.  

A protagonista, Belle, é fascinada por skincare e vídeos de cuidados com a pele desde sempre. Quando sua mãe, Noelle, morre de forma misteriosa, ela retorna ao sul da Califórnia para lidar com dívidas, dúvidas e segredos que a mãe deixou para trás. No entanto, tudo se complica ainda mais quando uma mulher enigmática surge no funeral e apresenta uma pista sobre a morte: um vídeo que conduz Belle até o estranho e luxuoso spa La Maison de Méduse, onde sua mãe gastou todas as economias em busca de uma beleza transformadora.  

A partir daí, a história mergulha em um turbilhão de acontecimentos bizarros e perturbadores, onde Belle precisa enfrentar verdades sombrias sobre sua obsessão com a aparência e a relação complicada com sua mãe.  

A autora Mona Awad constrói uma narrativa intrigante e cheia de camadas, alternando entre momentos de pura tensão e reflexões sobre temas profundos, como a busca por aceitação, a feminilidade tóxica e as conexões entre mães e filhas. A autora utiliza o assunto do cuidado com a pele como metáfora para questões maiores, como o sacrifício pessoal e o impacto  na autoestima e nas relações interpessoais.  

Embora o livro seja envolvente, ele exige paciência. Algumas partes podem parecer lentas ou repetitivas, mas, ao final, percebe-se como esses trechos são essenciais para construir o impacto emocional da história. Além disso, a narração em primeira pessoa adiciona uma camada de incerteza, já que Belle não é a narradora mais confiável o que nos deixa em dúvida sobre o que é real ou fruto de sua mente perturbada.  Alem disso, o livro também referencias a contos de fadas como as histórias de A bela e a fera,  Branca de neve e os sete anões e Bela adormecida, e a mitologias egípcias e grega.

O desfecho, embora enigmático, é um dos pontos altos. Ele mantém um ar de mistério que torna a leitura ainda mais fascinante, convidando o leitor a refletir e interpretar os simbolismos por conta própria.  

No geral, Rouge é uma experiência literária única e inquietante. Se você gosta de histórias que desafiam a percepção da realidade e abordam temas como obsessão e identidade, este livro merece um lugar na sua estante. Prepare-se para uma viagem estranha, intensa e assustadoramente reflexiva!