Livros escritos por mulheres que abordam temas importantes


Livros escritos por mulheres

Algumas leituras nos tocam de maneira tão profunda que continuam a ecoar em nossos pensamentos muito tempo após termos fechado o livro. Hoje vou falar sobre três obras marcantes escritas por mulheres que tiveram a coragem de explorar temas delicados, como violência doméstica, abuso sexual, saúde mental e depressão. Esses livros, mais que simples histórias, são um chamado para refletirmos sobre as complexidades da vida, das relações e da sociedade.  

Além de apresentar os detalhes dessas histórias, trarei também curiosidades sobre as autoras e o impacto dessas obras. Afinal, entender o contexto e as intenções por trás de um livro enriquece ainda mais a experiência de leitura.


A Redoma de Vidro, de Sylvia Plath

A Redoma de Vidro é um livro intenso, honesto e dolorosamente real. Nele, acompanhamos a vida de Esther Greenwood, uma jovem talentosa e inteligente que ganha uma bolsa para trabalhar em uma revista em Nova York. Apesar de tudo parecer perfeito por fora, Esther sente-se perdida em uma sociedade que limita suas escolhas.  

Ela vive sob a pressão constante de se conformar ao papel tradicional destinado às mulheres nos anos 1950: casar, ter filhos e cuidar do lar. Porém, Esther quer mais. Essa busca por liberdade pessoal acaba levando-a a questionar seu próprio valor e, eventualmente, a uma grave crise depressiva.  

A redoma do título simboliza a sensação de aprisionamento mental e social de Esther, como se ela estivesse separada do mundo por uma barreira invisível, mas intransponível. Esse livro é, de muitas formas, uma crítica à sociedade patriarcal da época, mas também à maneira como a saúde mental era negligenciada, especialmente no caso das mulheres.  

Curiosidades sobre Sylvia Plath e o livro:

1. Sylvia Plath escreveu este romance como um reflexo de suas próprias experiências, incluindo a luta contra a depressão e o desejo de encontrar seu lugar no mundo.  

2. Muitos elementos são autobiográficos, como a tentativa de suicídio de Esther, que reflete um episódio da vida de Sylvia.  

3. Plath publicou o livro sob o pseudônimo de Victoria Lucas para proteger sua privacidade, já que o livro expunha aspectos dolorosos de sua vida.  


Herdeiras do Mar, de Mary Lynn Bracht

Se você busca uma história que mistura ficção e realidade histórica, Herdeiras do Mar é uma escolha imperdível. O livro se passa na Coreia durante a ocupação japonesa na Segunda Guerra Mundial e segue duas irmãs, Hana e Emi, cujos destinos são profundamente marcados pelo conflito.  

Hana é capturada por soldados japoneses e forçada a se tornar uma “mulher de conforto” — um termo eufemístico para descrever as mulheres coreanas submetidas à escravidão sexual pelos militares japoneses. Enquanto isso, Emi cresce atormentada pela culpa de não ter conseguido proteger a irmã e pela dor de nunca saber o que aconteceu com ela.  

A autora, Mary Lynn Bracht, é filha de imigrantes coreanos e cresceu ouvindo histórias sobre o sofrimento das “mulheres de conforto”. Ela utilizou essas narrativas como inspiração para este livro dolorosamente belo, que não apenas denuncia os horrores da guerra, mas também celebra a resistência e a coragem dessas mulheres.  


Curiosidades sobre o livro e a autora:

1. Apesar do tema difícil, a escrita de Mary Lynn Bracht é poética, o que equilibra a dureza dos fatos com a beleza da narrativa.  

2. As "mulheres de conforto" ainda lutam por reconhecimento oficial do governo japonês até hoje. Esse fato motivou a autora a escrever a história para dar visibilidade à questão.  

3. O livro também é uma homenagem à natureza do vínculo feminino — a força que sustenta a solidariedade entre mães, irmãs e amigas em meio a tempos sombrios.  


É Assim que Começa, de Colleen Hoover  

Colleen Hoover é uma escritora que sabe como transformar temas difíceis em histórias envolventes, e isso fica evidente em É Assim que Começa. No livro, conhecemos Lily Bloom, uma jovem que sonha com um futuro brilhante, mas que vê sua vida virar de cabeça para baixo ao se envolver com Ryle Kincaid.  

Ryle é um homem encantador, mas demonstra comportamentos abusivos que vão se intensificando. A narrativa mostra como Lily tenta justificar os abusos de Ryle enquanto luta contra os traumas de um passado familiar marcado pela violência doméstica.  

O grande mérito do livro é mostrar os dilemas emocionais enfrentados por pessoas em relacionamentos abusivos. Ao mesmo tempo que sentimos raiva de Ryle, é impossível não entender os motivos de Lily para hesitar em deixá-lo. Essa ambiguidade torna a história ainda mais realista e dolorosa.  


Curiosidades sobre Colleen Hoover e o livro:

1. A autora escreveu este livro inspirada nas experiências de sua própria mãe, que sofreu em um casamento abusivo.  

2. Colleen Hoover fez questão de trazer uma narrativa que não romantizasse o abuso, mas sim explorasse a força necessária para quebrar o ciclo de violência.  

3. É Assim que Acaba, sequência deste livro, aprofunda a jornada de superação de Lily e é igualmente emocionante.  


Por Que Essas Leituras São Importantes?

Essas três obras não apenas destacam questões fundamentais, mas também trazem perspectivas únicas sobre como a sociedade pode evoluir. Elas colocam em foco temas que ainda são tabus, como saúde mental, violência contra a mulher e as cicatrizes da guerra.  

Além disso, todas essas histórias são um lembrete de que, apesar do sofrimento, há força e resiliência em cada uma de nós. Ler esses livros nos ajuda a compreender o sofrimento de quem enfrentou desafios inimagináveis e, de certa forma, a encontrar coragem em nossas próprias batalhas diárias.  

Se você gostou dessas indicações, que tal explorar também:  

1. Pequenos Incêndios Por Toda Parte de Celeste Ng.  

2. Mulherzinhas, de Louisa May Alcott.  

3. Eu Sei Por Que o Pássaro Canta na Gaiola, de Maya Angelou.  

Essas leituras têm o poder de expandir nossa visão de mundo. E, quem sabe, ajudar você a construir a sua própria história de transformação e empatia.

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